tirei delicadamente as poucas peças de roupa que ainda restavam a esconder meu corpo. ao tocar os meus pés no chão, pude sentir a marca dos teus pés, que provocou choques em todo o meu desnudo corpo. como em um filme da década de 60, coloquei meu pé na banheira, e, previsivelmente, o outro. levei minhas mãos na torneira, e, premeditadamente, tentei alcançar a mesma temperatura do banho anterior. peguei meus sais de banho e a espuma, joguei cirandalmente em meu redor, e, deitei-me poeticamente sobre aquele leito quente e desejável.
ao som de uma boa taça de espumante, fechei a torneira. juro que fechei meus olhos por um momento, na busca de fugir de pensamentos e desejos errados. mas, aquelas gotas caindo, eroticamente me despertaram da minha viagem em meus deveres e condutas.
elas me fizeram lembrar que, o banho antes do meu, foi o seu, e que, deveras, aquelas mesmas gotas eróticas e poéticas rolaram por todo o seu corpo, levando pro ralo tudo aquilo que não serve. sim, aquelas mesmas gotas te revitalizaram, limparam, te acariciaram e, por um longo momento, invejei-as.
despertando, lembrei-me que estavas neste exato momento no meu quintal, finalizando o trabalho que havia começado, antes de ter caído acidentalmente na minha piscina, e, por mais que tentasse fugir desse fato, eu tinha certeza, que as coisas convergiriam por um caminho que eu não queria.
mas que desejava, com toda a minha força.
ketylaine¹ é casada há 13 anos e se apaixonou pelo adestrador do seu poodle.
seria cômico (se não fosse trágico).
¹ nome fantasia para preservar a identidade das entrevistadas.