...

"isso é escrever. tira sangue com as unhas. e não importa a forma, não importa a "função social", nem nada, não importa que, a princípio, seja apenas uma espécie de auto-exorcismo. mas tem que sangrar a-bun-dan-te-men-te. você não está com medo dessa entrega? porque dói, dói, dói. é de uma solidão assustadora. a única recompensa é aquilo que laing diz que é a única coisa que pode nos salvar da loucura, do suicídio, da auto-anulação: um sentimento de glória interior. essa expressão é fundamental na minha vida."
(caio fernando abreu)

sexta-feira, 28 de maio de 2010

riaida


era um entardecer como outro qualquer quando virei para ele e disse respondendo uma pergunta que não havia sido direcionado a mim: - "encontre-me entre dois vazios" -. acho que foi a frase mais verdadeira que já proferi em toda a minha vida. em cada letra unida havia a força e o gás que a frase precisava. as entrelinhas estavam carregadas desta tal constatação. - "um mergulho em você seria fatal" - respondeu-me e, timidamente, virou-se e partiu. sem adeus, sem paz. pra nunca mais voltar.

e é exatamente por isso que estou só, escrevendo essas palavras negras sem a cor que outrora costumava ter, condenada à mesmice de sempre, por minha fútil  e inútil profundidade. submersa entre dois nadas, sem chances de voltar a respirar.

não que te quere. não, não te quero mesmo. te desejo. e esse desejo é insano. fico abestalhada só de pensar em te sentir do meu lado,  como com farinha as tuas palavras e sonho em completá-las, sim! quero fazer um pirão contigo, rir das tuas piadas sem graça, fazer amizade com teus primos, viajar nos teus planos e rir com sua mãe num almoço de domingo.

queria ser sentida. assim, seria querida e tudo bastaria.

tudo mesmo.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

sacacá

eu pergunto: cadê o meu manual de instruções? cadê o manual de instruções da minha vida?
como é que pode?! era só o que me faltava ser acometida por um erro mecânico na hora de empacotar a minha vida lá na linha de produção do criador. quando abri minha caixa tava lá: 879 cabos, 2487 extensões, 1820 pen drives e um aparelho muito complexo cheio de "warnings" do tipo: não conecte o cabo 87 se não leu a instrução da página 48 do manual... tá... mas...
 ONDE ESTÁ O MEU MANUAL?
e a pergunta persiste.

priscilla nunes nunca acha o wally.

terça-feira, 25 de maio de 2010

desabafo

AHHHHHHH!

precisa dizer mais alguma uma coisa?

domingo, 23 de maio de 2010

resultado: contaminada


impressionante como tudo parece mais simples na infância. nada é pesado demais, nada é complicado demais. me lembro de várias coisas que me aconteceram quando era pequenininha e, não adianta, era diferente. acredito que as coisas vão se tornando densas a partir do momento que você permite isso acontecer, quando se "deixa amadurecer". me lembro quando mamãe foi operar a coluna cervical, e todos diziam que a cirurgia era de risco, mas, minha mente (que ainda não tinha permitido ser contaminada) simplesmente não se turbou. deixou-me em paz. confiante, e, deu no que deu. sucesso.
agora, com 21 anos, o mesmo não acontece, e o resultado é antagônico e irônico: sofrimento, desespero, falta de paz, noites mal dormidas... ando sem confiança no mundo, nas pessoas, no amanhã, e, principalmente no agora. é, tô contaminada sim. contaminada por um vírus mortal que desencadeia uma série de sintomas medíocres e mortais:  falta de esperança, falta de fé, falta de não-saber-do-que-se-trata, falta de bonecas para se dar banho e sonhos lunáticos-improváveis para se utopizar.
chego a conclusão que, talvez, se eu fosse ainda criança a situação seria completamente diferente hoje. chego também a conclusão, que tudo que está acontecendo é minha culpa, já que, só se leva a leveza de uma preocupação-criança, quem se deixa contaminar. e... sim. estou doente...
eu me contaminei com o vírus do amadurecimento.

priscilla nunes tem 21 anos com as preocupações de uma mulher de 75.

sábado, 22 de maio de 2010

magnólia


"era uma cinza-empoeirada tarde de 1942, quando aqueles arbutos de concreto projetaram em seu rosto aquela sombra gélida e negra. não sei se por obra do destino, ou não, meus olhos encontraram com os seus. não pude me conter com sua face envelhecida, cheia de marcas do tempo. mas, de uma coisa eu tinha certeza: seus olhos eram os mesmos. aqueles dois mundos negros por quem me apaixonei na juventude. te perguntei pela vida e nada me dissestes. talvez, sua história tenha sido silenciosa como a minha. como eu queria voltar atrás, como eu queria, minha magnólia. 
queria tê-la em meus braços pelo menos uma vez, beijar seus lábios, concordar com seus sonhos e projetos para nós dois. como eu queria, magnólia. como eu queria voltar no tempo, teletransportar-me para 1888, quando pela primeira vez te vi e, disse para mim mesmo que o meu amor por você seria para sempre; quando seus cabelos ainda eram negros e sua pele sedosa como o vento. queria ter podido acreditar que você me amava da mesma forma, com a mesma intensidade, mas... tudo passa. tudo passou e tudo o que passa, irremediável é.
hoje, constato, cheio de infelicidade, que a única coisa que me restou foi a lembrança dos teus olhos e, todo o resto de mim são os escombros da minha decisão - decisão de não ter dito, nem ao menos uma vez, que te queria para sempre junto de mim."

joaquim morreu em uma noite cinza-empoeirada de 1942 e 
me visitou esta noite, me chamando de magnólia.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

carne-viva


ao compasso do estremecimento e, de toda a latência do que se entende por compressão, que eu sinto o teu gosto mais sublime, o cheiro da sedução, que me embala, me ouriça os pelos e me arrebita a alma.
meu corpo corresponde ao teu ritmo, invoca-se com teus anseios e te devolve, tudo em dobro, triplo, ao quadrado... ah! a aspereza da tua barba por fazer e o enxame de teus exalares me raspam, me lavam, me ralam. em carne-viva fico, em carne-viva sempre estou - pelo menos quando se trata de você.

tua boca na minha é corpo, é alma, é feromônio, é saliva, é tensão, vibração, tesão e luz. muita luz.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

yelda


no afeganistão, a yelda é a primeira noite do mês de jadi, a primeira noite do inverno, e a mais longa do ano. a tradição da yelda seria de que aqueles meses eram enfeitiçados, para as quais as chamas das velas se precipitam, e para o alto das montanhas nos quais os lobos sobem em busca de sol. jurava-se que quem comesse melancia na noite da yelda não sentiria sede durante o verão seguinte. quando fiquei mais velha, li nos meus livros de poesias que a yelda era a noite sem estrelas em que aqueles que sofrem por amor permanecem acordados, suportando a escuridão interminável e esperando que o nascer do sol traga consigo a pessoa amada. depois que te conheci, todas as noites da semana passaram a ser yelda para mim.

ㅤ ㅤㅤ ㅤ ㅤㅤ ㅤㅤ ㅤ ㅤㅤ ㅤㅤ - the kite runner, (149;148)
 
ps.: o sol da manhã depois da minha yelda: você.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

polaróides urbanas [1]


quero buscar abrigo no teu chapéu


neste louco tédio, na sujamente tua


e encontrar lá dentro toda esta luz que irradia sob o teu véu

 

eu juro, vou invadir seu apartamento e cada cubículo de você



de maneira irreverente e corajosa


vou bagunçar a tua ordem e acabar com tuas manias positivistas


só para você ver no escuro do mundo o delicioso constraste do prazer!


ah! como eu quero te alegrar com todas as cores da paleta de um pintor


 suscitar contigo sonhos antigos e projetos altos



 e por fim, em tuas asas 


declamar poesias de amor.


rio, meu lindo rio... minha inspiração!

sábado, 15 de maio de 2010

não_ra_paz

eu vim em paz. nem com força à bater no teclado estou. estou aqui com a serenidade de um lago e a mansidão do céu azul. tenho buscado o céu azul. desses com pássaros livres e aviões. tenho buscado o céu noturno também, com pirilampos e estrelas escondidas. acho que esta busca se deu principalmente por você e todo este sentimento que estou redundantemente sentindo. não digo que é amor, e nem ousaria a reduzir tudo, tudo isso que sinto,  nesta única palavra. não mesmo! seria tolice.
eu vim em paz, sem dúvidas. vim em paz pois tudo o que eu sinto por você deriva da paz: a expectativa, os sinos na esôfago, o teu duplo e esquivo olhar, tuas longas e finas mãos, tuas piadas, tua inteligência, seu dom de saber das coisas, tua mistereza, tua distância, o teu não-interesse...  não rapaz. calma, eu juro que vim em paz.
não quero te assustar, essa não é minha missão. não agora. mas também não posso ser hipócrita tentando te fazer achar que o meu querer se resume apenas nas tuas palavras arrumadas, em tua inspiração sagaz,  na tua coleção de discos de vinil, tuas programações fantásticas, tuas eleições afetivas, teus livros empoeirados... meu querer é bem mais simples. pelo menos pra mim. o mais interessante é que mesmo com todas as cicatrizes do ontem eu me deixei envolver por sua luminescência. você chegou como um pirilampo a saracotear na imensidão escura que me cercava . tua luz me trazia tanta paz que...vulpt. me encantei por você, meu bem.  
vou te contar um segredo: é missão de paz sim, apesar da nãopaz me invadir sempre que me refiro à você. a nãopaz é a única coisa que dói nisso tudo... dói porque eu tenho certeza que nem lerás todas essas palavras soltas que te escrevo hoje, sentada nesta cadeira dura a sonhar em ser a tua eleita para as noites frias de maio e tua companheira nas aventuranças por aí, neste mundão bão, meu nãorapaz.

adelaide sente. sente muito.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

unknown

me dá um louco frenesi quando estou escutando uma música em um player qualquer e constato que não sei quem canta e que nem mesmo sei o nome da música: "título desconhecido", "unknown" e seus derivados me irritam! me vem uma fúria que quase me leva a destruir o mundo com as bombas de sódio e potássio que entopem minha membrana plasmática.
na verdade, o que realmente me irrita é quando a música me cativa e me leva a pensar o dia inteiro somente  nela, tentando por (a+b) descobrir quem a criou, quem a cantou, quem a sentiu. sem falar na demora para se constatar o apreço. putz! só descubro que gosto quando a música está quase acabando, ou seja, não tenho nem a chance de sair correndo e me proteger do fascínio eminente que estou prestes a me submeter.
o mesmo acontece com você, ser-unknown, que me envolveu até não poder mais, me fez te ouvir até o final  e me prendeu em seus encantos. por sua causa passo dias e noites a tentar te decifrar, procurando pistas onde não existem e restos de rastros indecifráveis. diga-me ao menos seu nome, seus autores, sua composição e melodia pois já me cansei desta procura sem fim. corra, se mova; antes que mude de faixa sem ao menos saber o motivo de meus fascinios e delirios por seu conjunto.

priscilla nunes é fã da matemática e da biologia aplicada.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

lugar certo


aqueles pombos... ah, aqueles pombos! como me trazem repúdio e, ao mesmo tempo paz! é sinal de que estou no lugar certo. e as pedras portuguesas? é, aquelas fora do lugar que me fazem quebrar o salto, ou, na pior da hipóteses, quebrar o pé. mas não faz mal. é nessa constatação que sei que estou no lugar certo. meu lindo rio! como eu te quero bem!


o meu lugar certo é aquele que quero estar. e hoje, rio, você foi o meu lugar. seus prédios, calçadas, trânsito, sujeira, cultura empilhada, camelôs, morimbundos, barulho, stress, semáforos, clima, cor, samba, botecos, história, atmosfera... o que seria de mim se você não existisse?


consigo te entender tanto... sua ginga, mandinga, fadiga. não te conheço bem, mas te sinto como um pedaço meu, um caso de amor em um período não muito distante, porque, deveras, estais em mim e, inevitavelmente, estou em ti.


rio pra quê te quero?
não me restam dúvidas: te quero para ser feliz!

domingo, 9 de maio de 2010

miragem

eu só queria que você soubesse quem eu sou de verdade. queria me permitir ser vista assim como eu me vejo. inteira, cheia de máculas limpas e sujeiras alvas. queria ser decifrada, devorada por seus julgamentos e depois, ser jogada no tapete da sua sala. é, aquele mesmo que você pisa todos os dias quando tira os sapatos; aquele que você adormece quando vê um filme chato; aquele que você simplesmente limpa os pés para não sujar o sofá. só assim, talvez, pudesse te dismistificar, sentir na pele seus delitos e imperfeições. ver onde sua unha encrava e onde o sinto aperta. só assim não te acharia um sonho impossível. só assim te acharia gente, não uma miragem.

quero

eu quero o beijo com gosto de frutas secas e um hálito viscoso como a nódoa. quero o grude da cica e a aspereza do abacaxi de tuas maçãs. quero a vida. quero o mar. quero o mais lânguido veneno. quero o espinho do cacto à invadir minha pele, o cheiro do couro da tua pasta, o visco da tua saliva. quero o impacto e o pacto. quero o atrito e a artrite. quero o nada. quero o vazio.

mas antes de tudo - quero você.

carregando...

preferia os tempos de ontem. aqueles pessoais. bem reais. época onde tudo era manual, à carvão, olho por olho, dente por dente. tempo em que se andava de mãos dadas em volta do chafariz, que domingo era dia de almoço em família, que a notícia chegava à cavalo, que se soltava pipa no fim da tarde no morro do holofote e que os pés ficavam encardidos com o futebol  de sábado no terreno baldio do seu valentim.

tudo era melhor. as paqueras eram sob a luz do luar e o lenço tinha um papel importantissimo para conseguir um último olhar 43 do homem amado. me lembro bem, como se fosse ontem (e era mesmo), que quando tinha baile no clube da minha cidade, eu e minhas amigas ficávamos a tarde inteira nos arrumando: rouge, bobs, pó de arroz, unhas enfeitadas, corpetes e anáguas...

hoje tudo perdeu a magia. e, para um jogo de sedução nada mais disso existe: paquera é pela internet, flores são cheias de purpurina e não param de piscar. frustração é sinônimo de "scrap" não respondido,  quando ele não está online, caixa de e-mails vazia, secretaria eletrônia com "ze-ro men-sa-gens" e sms sem resposta.

em meio a todas estas abas abertas, o "F5" se torna o nosso maior amigo e, por falta de tempo nesta meleca de mundo globalizado, todos os encontros são via msn, com direito a winks, emoticons e web cam... que tédio, não?!

ps.: tá se sentindo feia, meu bem? dica: repagine seus avatars, mude o layout do seu blog, intupa suas páginas de relacionamento com novas fotos e tudo ficará bem. eu juro!


priscilla nunes tem 80 anos, tem msn, orkut, facebook, twitter, formspring.me, livemocha, blogger, 4 contas de e-mails, 2 celulares, usa anáguas e ainda chama blush de ragatanga, ops, rouge.

sábado, 8 de maio de 2010

imprestável

rio de janeiro, 08 de maio de 2010.

meu rei,

está em teus olhos o lar que procuro abrigar-me. estes mesmos olhos infinitos é onde quero embriagar-me. o teu conjunto é uma alucinação, e sem ao menos saber, geras em mim; obssessão. quando fecho meus olhos e penso em você sinto raios e campanhias dentro de mim indicando que você é o meu futuro.queria abrir meu coração e pingar em tons coloridos toda esta satisfação, satisfação esta em amar-te, por mais que em silêncio, amar-te por mais que nem saibas que te dedico tudo que sou, amar-te. pois se não te amasse, os dias seriam insípidos, incolores, desgraçados e estúpidos. um buraco-negro levando para si toda a satisfação que tenho em... amar-te..."

adelaide é baiana, brega e muito perfeccionista.

maravilha!

uma breve introdução: fiz esta crítica para postar no blog da minha amiga Clarice Machado (http://pop-corn-filmes.blogspot.com/2010/05/ola-pipoqueiros-estou-um-pouco-enrolada.html) e, como o filme mecheu muito com meus recentes estúpidos gritos, resolvi postar aqui também!


"alice no país das maravilhas" é o retrato fiel da Inglaterra Vitoriana, época de grandes transformações e descobertas; um  período de profundo realismo que se esforçava para dizer toda a verdade, mostrando as doenças morais e físicas como elas eram, porém apontando para um caminho que proporcionava bem-estar e esperança. os romance procuravam achar a verdade e mostrar como ela podia ser utilizada para elevar, espiritual e moralmente, a humanidade.

sou meio suspeita para falar, afinal, sou fã de Carroll! o livro é um dos principais percursores do modernismo, uma obra de incontestável valor! sou muito fã de Tim Burton também, e o que é mais brilhante no filme é a re(construção) de uma nova aventura em um "país das maravilhas" já conhecido anteriormente por todos nós.


ao contrário das tantas críticas negativas que tenho lido à respeito do filme, "alice no pais das maravilhas" só não é bom para quem não abriu o coração para sentir as entrelinhas do filme: personagens cheios de manias  que arrancam gargalhadas do público (como a lebre de março),  personagens com trejeitos loucos e doces , que encantam os expectadores (como o chapeleiro maluco),  personagens com condutas duvidosas (como o gato risonho que, quando aparece, rouba a cena), a crise da adolescência vivida por todos nós (por isso, a grande ênfase em alice não saber quem ela é, ou pelo menos pensar que não é a alice certa) e por fim, as cores (fato este que achei estranhíssimo vindo de Burton).


o filme nos dá lições preciosíssimas, capazes de elevar a humanidade, e isso, Burton cumpriu religiosamente: 
  • ser criança (mesmo que adulto);
  • acreditar em coisas impossíveis (pelo menos "6 antes do café da manhã");
  • vencer gigantes (mesmo que não nos sintamos capazes);
  • abraçar a nossa loucura (mesmo que a achemos "louca" demais);
  • pessoas podem mudar;
  • ser amado é muito melhor que ser temido;
  • o que devemos fazer ninguém fará por nós;
  • acreditar na paz;
  • respeitar os seres vivos;
  • ser corajoso é fundamental (não perca sua moiteza);
  • livre árbitrio (somos responsáveis por nossas escolhas);
  • acreditar/confiar no poder da transformação e, por fim;
  • crescer e descobrir quem realmente somos;
  • que tudo no final dá certo (o bem sempre vence o mal).
      com interpretações incríveis, com esquetes memoráveis, "alice" é um verdadeiro deleite à nossa loucura e imaginação, e posso garantir que, mesmo que não goste da história, sairá do cinema, pelo menos, com muita esperança no coração.

      ps1.: veja em 3D... é incrível!
      ps2.: qual é a semelhança entre um corvo e uma escrivaninha?
      ps3.: estive pensando em coisas que começam com a letra M, como:
      maravilha! sim, uma tremenda maravilha!

      sina

       _ que pena... deve ser muito triste a solidão...

       _ não vejo nada de triste nisto! muito pelo contrário, vejo profundidade! sandálias gastas, poeira nos pés, calcanhar rachado, nascentes múltiplas no rosto, roupas surradas, mente cheia, experiências únicas, segredos profundos, saber incontestável...

      _ tenhas piedade! não ves que este pobre homem está sem rumo? que não tem para onde ir?
      _ não te equivoques. solidão é sina! ele sabe muito bem para onde está indo!

      transplantal

      seus olhos eram dois faróis naquela estranha-escura estrada. suas roupas chamavam atenção sim, pois eram coloridas com a tinta de um arco-iris; daqueles iluminados que surgem após uma chuva de verão. mas, não tinha jeito. apesar de serem negros, seus olhos captavam a essência daquele momento, daquele dia normal, desses que as pessoas correm para pegar o ônibus ou para aproveitar o sinal fechado.
      seus olhos captaram a correria, o atraso, a eminência de perder o emprego, a aula, a prova, o pão, a água, a vida. tudo esvaía quando, retilineamente/de forma um tanto curva, meus olhos encontravam com os dela. me chamou àtenção quanto amor dedicava àquela flor desbotada, sem graça, sem cheiro, sem vida. era uma relação quase que substancial, de dependência... o retrato do apego intenso, vival, transplantal. instigante.
      com um sorriso de lado a lado, passava suas mortas pétalas no pêssego do seu rosto, como se quissesse transferir vida... seu jogo corporal me dizia "sei que nada posso fazer, não há chances" mas... seus olhos, aqueles que possuiam a luz de mil estrelas, me diziam outra coisa: "vai dar tudo certo".
      e daquele sonho-real-sonho me acordei quando olhei o relógio e vi que já se passavam das 7.

      quinta-feira, 6 de maio de 2010

      sans titre

      estou anotando tudo o que percebo ser inexprimível
      quando completar tal missão
      volto para dividir com vocês.

      quarta-feira, 5 de maio de 2010

      prata

      era uma noite fria de luar. sua luz invadia a sala de dormir e trazia um tom prateado ao ambiente. suas mãos  sobre as minhas passavam-me a segurança, a clareza e a luz que tanto precisava. elas eram frias e aveludadas, causando-me arrepios e descargas elétricas. estas mesmas mãos possuiam o poder de modelar-me, amassar-me e (re)construir-me ao seu bel prazer. seu corpo tocava ao meu sublimemente; como um violonista toca seu instrumento. suas preces silenciosas inundavam a paz que não era minha. seu suor-seco molhava minhas têmporas, e naquele mesmo instante eu pude perceber que era tua. toda tua. inexoravelmente tua.

      a lua congelou-nos. transformou-nos em uma massa só. nunca mais fez frio.

      amor-próprio-amor


      silêncio-gritado
      sonho-real
      felicidade-infeliz
      estupidez-bendita
      vento-calmo
      vida-mortal
      paz-turbulenta
      clara-escuridão
      inteligência-ignorante
      andar-voante
      crescer-diminuído
      perda-esperada
      matemática-desejável
      grito-silenciado

      eu-você
      tudo
      inexoravelmente
      nada.

      terça-feira, 4 de maio de 2010

      bagagem


      é o peso deste mundo pesado
      que faz o mundo repleto de peso
      redundância pesada
      relutância de meia-tonelada

      é o peso nas costas que te faz envergar
      mas nem por isso corcunda ficarás
      é o peso nas pernas que te faz cair
      mas nem por isso vais desistir

      é o peso oriundo da mente
      terrível serpente
      que faz o pensamento rastejar
      mas nem por isso vais definhar

      acredite e não se iluda
      peso é peso; é bagagem não-enxuta
      cada um cuida da sua
      e a vida continua

      carregue o peso da dor
      carregue o peso da cor
      carregue o peso da pena
      carregue o peso da hiena

      carregue o peso do mundo
      carregue  o peso do defunto
      carregue o peso da toca
      carregue o peso da toca

      carregue o peso da prima
      carregue o peso da rima
      carregue o peso do amor
      carregue o peso do odor

      carregue o peso do peso
      carregue a bagagem
      e carregue mesmo!

      sábado, 1 de maio de 2010

      bendida chupeta


      "_ jóia?
      _ heim?
      _ olha, o maércio já chegou em casa... era bateria mesmo... o jorge deu uma chupeta e tudo ficou bem, graças a deus!
      _ hãããm... que bom que o maércio já chegou e que era só a bateria... ainda bem que o jorge apareceu para dar a chupeta...
      _ jóia?
      _ o único problema é que eu não sou o jóia...
      _ heim? ai meu deus, que vergonha! quem é que tá falando?
      _ ué, é você! mas isso não importa... o que importa é que tá tudo bem... bendita seja a chupeta do jorge! (tum tum tum)"


      priscilla nunes às vezes confunde o ínicio dos números guardados em sua cabeça.