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"isso é escrever. tira sangue com as unhas. e não importa a forma, não importa a "função social", nem nada, não importa que, a princípio, seja apenas uma espécie de auto-exorcismo. mas tem que sangrar a-bun-dan-te-men-te. você não está com medo dessa entrega? porque dói, dói, dói. é de uma solidão assustadora. a única recompensa é aquilo que laing diz que é a única coisa que pode nos salvar da loucura, do suicídio, da auto-anulação: um sentimento de glória interior. essa expressão é fundamental na minha vida."
(caio fernando abreu)

domingo, 22 de agosto de 2010

cri_cri


meu andar tem sido silencioso, e silencioso mesmo! tem sido tão sem som, que não poderia construir as frases que estou acostumada a tecer. queria dizer assim: "meu andar tem sido silencioso, como o grito às margens do ipiranga", mas... o cri-cri continua aqui, e não há mais nada além dele.
cri-cri.
sim, triste silêncio, me tirastes tudo. até minhas antíteses fostes capaz de levar. sim... minhas antíteses, minhas palavras, meu caos. tudo. absolutamente tudo levastes do nada que me pertencia. minhas fotos, minhas memórias, minhas outroras, minhas cartas, postais, mensagens, promessas e as batidas capazes de ritmar a vida.
ingrato silêncio. maldito ensurdecedor silêncio.
exijo.
quero.
desejo tudo de volta.
tu, que levastes minhas vontades, devaneios e promessas.
quero tudo de volta.
já disse e repetirei. quero meu pulsar novamente. quero meu coração rosa, iluminado, esperançoso, batendo serelepe, sem destino, sem sofreguidão. quero os dias mais coloridos, amanheceres mais amarelos e anoiteceres néon. quero.
quero.
e quero.
quero a vida sem mistérios e as mais simples complicações. quero o milagre, o áspero e o efêmero. quero o ouriçar do coração e a batidas dos pelos ao ver alguém passar.
sim, silêncio. vai-te embora. rala sem pestanejar, porque...
eu quero.
(cricricri)

me apaixonar...

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

a busca da busca que me busca para buscar

o que eu busco é a auto-libertação, com asas e cores enxutas.
o que eu busco são os milagres cintilantes e todas as luzes no final dos túneis infames da minha existência.
o que eu busco é a não-sintese da vida: sem vírgulas e pontos; mas, recheados de mesóclises e apetrechos.
o que eu busco é a presteza de ser feliz, a firula maior do sorriso e a marca de batom na gola branca.
o que eu busco é a saudade do futuro e todas as surpresas destinadas aos passos que me propuser a dar.
o que busco é o gosto do caroço do limão, que sempre deixado de lado, amarga sua existência.
o que eu busco é o aroma da vida, do vento, das mentiras jogadas a sua própria sorte.
o que eu busco é a riqueza da pausa do retrato, e a eternização dos momentos bons (e maus).

o que eu busco?
ah! eu não busco é nada!
o que eu busco é a constante busca da busca que me busca pra dançar...
e, em seu gingado envolvente, me leva sempre a...
buscar... sem a mais remota chance de...
achar;

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

em minhas mãos

Um velho índio descreveu certa vez em seus conflitos internos: “Dentro de mim existem dois cachorros, um deles é cruel e mau, o outro é muito bom e dócil”. Os dois estão sempre brigando. Quando lhe perguntaram qual dos cachorros ganharia a briga, o sábio índio parou, refletiu e respondeu:

"Aquele que eu alimentar".