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"isso é escrever. tira sangue com as unhas. e não importa a forma, não importa a "função social", nem nada, não importa que, a princípio, seja apenas uma espécie de auto-exorcismo. mas tem que sangrar a-bun-dan-te-men-te. você não está com medo dessa entrega? porque dói, dói, dói. é de uma solidão assustadora. a única recompensa é aquilo que laing diz que é a única coisa que pode nos salvar da loucura, do suicídio, da auto-anulação: um sentimento de glória interior. essa expressão é fundamental na minha vida."
(caio fernando abreu)

domingo, 23 de maio de 2010

resultado: contaminada


impressionante como tudo parece mais simples na infância. nada é pesado demais, nada é complicado demais. me lembro de várias coisas que me aconteceram quando era pequenininha e, não adianta, era diferente. acredito que as coisas vão se tornando densas a partir do momento que você permite isso acontecer, quando se "deixa amadurecer". me lembro quando mamãe foi operar a coluna cervical, e todos diziam que a cirurgia era de risco, mas, minha mente (que ainda não tinha permitido ser contaminada) simplesmente não se turbou. deixou-me em paz. confiante, e, deu no que deu. sucesso.
agora, com 21 anos, o mesmo não acontece, e o resultado é antagônico e irônico: sofrimento, desespero, falta de paz, noites mal dormidas... ando sem confiança no mundo, nas pessoas, no amanhã, e, principalmente no agora. é, tô contaminada sim. contaminada por um vírus mortal que desencadeia uma série de sintomas medíocres e mortais:  falta de esperança, falta de fé, falta de não-saber-do-que-se-trata, falta de bonecas para se dar banho e sonhos lunáticos-improváveis para se utopizar.
chego a conclusão que, talvez, se eu fosse ainda criança a situação seria completamente diferente hoje. chego também a conclusão, que tudo que está acontecendo é minha culpa, já que, só se leva a leveza de uma preocupação-criança, quem se deixa contaminar. e... sim. estou doente...
eu me contaminei com o vírus do amadurecimento.

priscilla nunes tem 21 anos com as preocupações de uma mulher de 75.

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