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"isso é escrever. tira sangue com as unhas. e não importa a forma, não importa a "função social", nem nada, não importa que, a princípio, seja apenas uma espécie de auto-exorcismo. mas tem que sangrar a-bun-dan-te-men-te. você não está com medo dessa entrega? porque dói, dói, dói. é de uma solidão assustadora. a única recompensa é aquilo que laing diz que é a única coisa que pode nos salvar da loucura, do suicídio, da auto-anulação: um sentimento de glória interior. essa expressão é fundamental na minha vida."
(caio fernando abreu)

quinta-feira, 20 de maio de 2010

yelda


no afeganistão, a yelda é a primeira noite do mês de jadi, a primeira noite do inverno, e a mais longa do ano. a tradição da yelda seria de que aqueles meses eram enfeitiçados, para as quais as chamas das velas se precipitam, e para o alto das montanhas nos quais os lobos sobem em busca de sol. jurava-se que quem comesse melancia na noite da yelda não sentiria sede durante o verão seguinte. quando fiquei mais velha, li nos meus livros de poesias que a yelda era a noite sem estrelas em que aqueles que sofrem por amor permanecem acordados, suportando a escuridão interminável e esperando que o nascer do sol traga consigo a pessoa amada. depois que te conheci, todas as noites da semana passaram a ser yelda para mim.

ㅤ ㅤㅤ ㅤ ㅤㅤ ㅤㅤ ㅤ ㅤㅤ ㅤㅤ - the kite runner, (149;148)
 
ps.: o sol da manhã depois da minha yelda: você.

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