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"isso é escrever. tira sangue com as unhas. e não importa a forma, não importa a "função social", nem nada, não importa que, a princípio, seja apenas uma espécie de auto-exorcismo. mas tem que sangrar a-bun-dan-te-men-te. você não está com medo dessa entrega? porque dói, dói, dói. é de uma solidão assustadora. a única recompensa é aquilo que laing diz que é a única coisa que pode nos salvar da loucura, do suicídio, da auto-anulação: um sentimento de glória interior. essa expressão é fundamental na minha vida."
(caio fernando abreu)

quarta-feira, 5 de maio de 2010

prata

era uma noite fria de luar. sua luz invadia a sala de dormir e trazia um tom prateado ao ambiente. suas mãos  sobre as minhas passavam-me a segurança, a clareza e a luz que tanto precisava. elas eram frias e aveludadas, causando-me arrepios e descargas elétricas. estas mesmas mãos possuiam o poder de modelar-me, amassar-me e (re)construir-me ao seu bel prazer. seu corpo tocava ao meu sublimemente; como um violonista toca seu instrumento. suas preces silenciosas inundavam a paz que não era minha. seu suor-seco molhava minhas têmporas, e naquele mesmo instante eu pude perceber que era tua. toda tua. inexoravelmente tua.

a lua congelou-nos. transformou-nos em uma massa só. nunca mais fez frio.

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