era um entardecer como outro qualquer quando virei para ele e disse respondendo uma pergunta que não havia sido direcionado a mim: - "encontre-me entre dois vazios" -. acho que foi a frase mais verdadeira que já proferi em toda a minha vida. em cada letra unida havia a força e o gás que a frase precisava. as entrelinhas estavam carregadas desta tal constatação. - "um mergulho em você seria fatal" - respondeu-me e, timidamente, virou-se e partiu. sem adeus, sem paz. pra nunca mais voltar.
e é exatamente por isso que estou só, escrevendo essas palavras negras sem a cor que outrora costumava ter, condenada à mesmice de sempre, por minha fútil e inútil profundidade. submersa entre dois nadas, sem chances de voltar a respirar.
não que te quere. não, não te quero mesmo. te desejo. e esse desejo é insano. fico abestalhada só de pensar em te sentir do meu lado, como com farinha as tuas palavras e sonho em completá-las, sim! quero fazer um pirão contigo, rir das tuas piadas sem graça, fazer amizade com teus primos, viajar nos teus planos e rir com sua mãe num almoço de domingo.
queria ser sentida. assim, seria querida e tudo bastaria.
tudo mesmo.
'por minha fútil e inútil profundidade'
ResponderExcluirCuidado! Gente rasa ainda consegue fazer muito mais mal.