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"isso é escrever. tira sangue com as unhas. e não importa a forma, não importa a "função social", nem nada, não importa que, a princípio, seja apenas uma espécie de auto-exorcismo. mas tem que sangrar a-bun-dan-te-men-te. você não está com medo dessa entrega? porque dói, dói, dói. é de uma solidão assustadora. a única recompensa é aquilo que laing diz que é a única coisa que pode nos salvar da loucura, do suicídio, da auto-anulação: um sentimento de glória interior. essa expressão é fundamental na minha vida."
(caio fernando abreu)

domingo, 13 de junho de 2010

dia dos namorados macabro

hoje, seria um daqueles dias que precisaria rasgar o meu peito, na constante e falha pretenção de liberar tudo aquilo que um dia esperei vazar. se pudesse escolher ser qualquer coisa, no momento, escolheria ser uma nascente, que, por condições naturais, deságuaria em outros rios e mares e não teria a preocupação com essa sina. talvez, poderia também ser o sol da tua manhã, aquele que aquece seu corpo e que traz um leve tom ruborizado às tuas doces maçãs. ou ainda, quem sabe, me transformaria em uma leve e gélida brisa , daquelas que nem sequer pedem licença para te acariciar, te rachar; podendo tocar seus lábios em todas as esquinas das madrugadas onde vagas. melhor ainda! desejaria ser uma louca tempestade... é! daquelas que te pega desprevinido, sem o assombroso guarda-chuva-vida; que te gruda, que te faz correr, ofegar por abrigo... que te molha e revela todas as tuas formas mais secretas e multicoloridas escondidas entre as muitas mudas de roupa que usas para se proteger de tudo e, todos.

(...)

talvez, estes tantos desejos sem sentido ou condições de materialização, se resumissem em apenas um único desejo: descobrir uma forma de te encontrar entre estas esquinas escuras onde vagas, sozinho, procurando aquilo que não é passível ser achado. te encontrar, meu bem, e dividir toda uma história, todo um desejo, toda uma vida. mas, eu sei que não há nada a esperar. se houvesse, talvez não estaria aqui, sozinha, olhando as paredes brancas que me cercam, perdidas em meus pensamentos e devaneios. e, somente depois de constatar isso, e de dividir estes tantos quereres clichês, só me resta o utópico desejo de sonhar... e quem sabe, talvez, seja agraciada com a bênção de nunca mais acordar.

priscilla nunes precisa de férias pra sua mente.

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