tudo aquilo que meus ouvidos captavam do seu tom de voz me faziam, literalmente, não estar ali. tuas palavras tinham o poder de teletransportar-me para lá, pra dentro de tua boca, onde poderia me engalfinhar com tua língua. teu olhar por cima daqueles óculos de armação brega e ultrapassada me faziam enojar-te ainda mais. o teu ar de sabichão, tuas sobrancelhas envergadas e tuas críticas infundadas sobre a carta de vinhos me faziam regurgitar você e... te desejar ainda mais.
teu cabelo sem corte, teu tênis gasto, sua blusa encardida e tua barba por fazer me irritam profundamente, e tudo isso é tão lindo e... hum... apetitoso... e... ponto pra você! nesse jogo doentio, quem sempre sai ganhando é você, com este carisma torto, esta inteligência manca, este teu gosto duvidoso, esta maldita má-educação e teus quereres mimados.
e quanto a mim... não te preocupes: eu fico aqui, como sempre fiquei, comendo as migalhas que caem de tua farta mesa. aceito a minha condição. o bom disso tudo, é que és generoso. sim, sempre me deixas de lembrança a rolha do melhor tinto da carta de vinhos que cisma em criticar todos os dias com o peito estufado e birra na alma.
o vinho que bebes? é doloroso perceber que se trata de algo meu, que se trata de algo inteiramente vital pra mim, e, com o coração explodindo de medo e cansaço peço: afaste de mim esse cálice... este cálice que brindas todos os dias, este cálice de um triste vermelho-tinto de sangue.
o vinho que bebes? é doloroso perceber que se trata de algo meu, que se trata de algo inteiramente vital pra mim, e, com o coração explodindo de medo e cansaço peço: afaste de mim esse cálice... este cálice que brindas todos os dias, este cálice de um triste vermelho-tinto de sangue.
sangue-meu.
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