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"isso é escrever. tira sangue com as unhas. e não importa a forma, não importa a "função social", nem nada, não importa que, a princípio, seja apenas uma espécie de auto-exorcismo. mas tem que sangrar a-bun-dan-te-men-te. você não está com medo dessa entrega? porque dói, dói, dói. é de uma solidão assustadora. a única recompensa é aquilo que laing diz que é a única coisa que pode nos salvar da loucura, do suicídio, da auto-anulação: um sentimento de glória interior. essa expressão é fundamental na minha vida."
(caio fernando abreu)

domingo, 25 de abril de 2010

voa-tempo

invoco-lhe, ó tempo
tu que és o ditador de todas as resoluções
não te tardes em intervir em minha causa!
não tardes! pois cada grão de areia atrasado acabam por consumir-me

rogo-lhe, ó tempo!
tendes piedade de mim
sou tão invisível assim para que me ignores?
a dor da tua espera é demais
meu coração já não suporta mais
meus olhos (que constumam ser irrigados)
rachados estão!
o que estás a tramar?
o que estás a fazer que não vens logo para mim?

não sejas rude, hipócrita!
parta logo, leve consigo toda a incerteza maldita
me traga a respiração!
pois cada parcela de segundo faz o favor de sufocar-me em mim mesma
ordene meu sangue correr novamente!
pois ele parado está, esperando por sua solução
vai embora daqui, corra! voe para longe!

preciso que escorra rapidamente, não entendes?
anseio loucamente pelo amanhã...
pois sei que nele encontrarei a paz que tanto quero.


~ mãe, eu te amo... muito.
rogo ao tempo por ti. ~

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